
O técnico do clube é o também cacique Zeca Gavião. Ele explica que o Gavião Kyikatejê acabou com o paradigma de que o indígena vive sempre de forma isolada. “O início dependeu muito da força de vontade, da insistência e da coragem”, destaca.
Após sua criação, em 2009, o clube viveu momentos marcantes. A classificação para a segunda fase do Campeonato Paraense de 2014 é um exemplo. O Gavião Kyikatejê superou equipes tradicionais, como Águia de Marabá e Tuna Luso Brasileira.
Desafios – Mas antes de alcançar essas conquistas, o time passou por alguns desafios, como a falta de categorias de base. Porém, isso não foi um impedimento para o sonho de formar um time de futebol profissional indígena. “A ideia é trazer índios de todas as etnias para jogar. O caminho é longo porque falta apoio. Por exemplo, entre os Kayapó existem muitos talentos, só que leva tempo para prepará-los”, disse Zeca Gavião
A atual formação do Kyikatejê inclui indígenas da etnia Kayapó, Xerente, Pucobié, do Maranhão, e está aberto a outras etnias. Nos anos de existência, o Gavião já lançou atletas para os cenários esportivos nacional e internacional.
O desempenho do clube incentivou gerações de Kyikatejê. Um deles é Apreire Gavião, 36, que joga em duas posições: zagueiro e goleiro. Ele sempre treinou e viu seus parentes jogarem pelo clube, como o pai e os irmãos.
Hoje, uma nova geração está sendo formada. O filho do zagueiro, Krouakratati Gavião, de 10 anos, já pensa em se tornar um jogador profissional. “Quando crescer quero ser um grande jogador e um grande guerreiro Kyikatejê”, comentou.
Esporte - O povo Gavião tem em suas tradições a característica marcante da prática de esportes, como a corrida de toras: as equipes de revezamento (formada somente por homens) carregam troncos de buriti nos ombros. O mais importante não é quem chega primeiro, o que vale é o divertimento. A comemoração é maior quando as equipes chegam juntas ou quase juntas.
Por Márcio Flexa - Agência Pará
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