
Segundo
Duque - preso na Lava Jato e condenado a mais de 57 anos de prisão por
corrupção e lavagem de dinheiro em quatro ações penais -, Lula teria
dito que a então presidente Dilma Rousseff "tinha recebido informação
que um ex-diretor da Petrobras teria recebido dinheiro numa conta na
Suíça da SBM (empresa holandesa que tinha contratos com a estatal)". "Eu
falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da
SBM. Aí ele vira para mim e fala assim: 'Olha, e das sondas, tem alguma
coisa?' E tinha né, (mas) eu falei não, também não tem."
Segundo
ele, Lula então fez um alerta: "'Olha, preste atenção no que vou te
dizer: se tiver alguma coisa (no exterior) não pode ter, entendeu? Não
pode ter nada no teu nome'. Eu entendi, mas o que eu ia fazer? Não tinha
mais o que fazer. Aí ele falou que ia conversar com a Dilma, que ela
estava preocupada com esse assunto e que ia tranquilizá-la", afirmou
Duque. "Nessas três vezes ficou claro, muito claro para mim, que ele
tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando", acrescentou o
ex-diretor.
Duque ocupou o cargo
estratégico na estatal petrolífera por indicação do PT de 2003 a 2012.
Foi o próprio ex-diretor quem pediu para ser novamente ouvido por Moro
após ficar em silêncio em depoimentos anteriores.
Segundo
Duque, nos encontros que teve com Lula, o ex-presidente sempre o
questionava sobre contratos da estatal, mesmo após ele ter saído do
cargo.
"(No encontro de 2012) Ele
(Lula) começou a fazer algumas perguntas sobre a questão das sondas, uma
delas porque não tinha sido aprovado ainda. 'Presidente, eu não sei
responder, eu estou fora da empresa'", disse. "Aí, teve um segundo
encontro que, da mesma maneira, ele fez perguntas sobre sondas, porque
não estava recebendo até então, em 2013. Eu não soube responder."
Segundo
o ex-diretor da estatal, o sistema de contribuições na Petrobras era
institucionalizado e ocorria sempre nos grandes contratos, com valores
superiores a R$ 100 milhões. "Quando existia um contrato, seja ele qual
fosse o contrato, em que corria uma licitação normal, o partido ou
normalmente o tesoureiro do partido procurava a empresa e pedia
contribuição. E a empresa normalmente dava porque era uma coisa
institucionalizada", afirmou. "Todos sabiam.
Todos do partido, desde o
presidente do partido, o tesoureiro, secretário, deputados, senadores,
todos sabiam que isso ocorria."
Ao
depor ontem ao juiz Sergio Moro, Renato Duque se disse arrependido das
"ilegalidades" que cometeu enquanto ocupou o cargo de diretor da
Petrobras, mas afirmou estar disposto a pagar por seus erros.
"Quero
pagar pelas ilegalidades que eu cometi. Se for fazer uma comparação com
o teatro, da situação que a gente vive, sou um ator, tenho papel de
destaque nessa peça, mas não sou nem o diretor, nem o protagonista dessa
história." Ele afirmou ainda que quer "passar essa história a limpo".
O
Instituto Lula criticou o “vazamento seletivo” de depoimentos.
“Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o
suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer
Lula”, afirma o texto. “O que assistimos nos últimos dias foi mais uma
etapa dessa desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de
uma prova contra Lula, prova que não existe na realidade e muito menos
nos autos.
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