
A
disciplina ‘Armamento, Munição e Tiro Defensivo’, com duração de duas
semanas e meia, tem como objetivo garantir que o futuro policial conheça
em detalhes o funcionamento das armas que vai utilizar no exercício das
atividades cotidianas, para que possa manuseá-la com destreza,
eficiência e responsabilidade. “Apesar de o escrivão trabalhar na parte
cartorária e o papiloscopista com a investigação datiloscópica, eles
também são policiais assim como o investigador, que atua nas operações,
por isso esse curso é primordial e requer a participação de todos”,
explicou Marco Antônio Sena, instrutor de tiro da Acadepol.
Enquanto
alguns aprendiam as técnicas de tiro, outros alunos acompanhavam as
aulas de Defesa Pessoal Policial. O professor Ribamar Pereira, instrutor
da Acadepol desde 1992, explica que o principal objetivo dessa
disciplina é capacitar o policial para usar o corpo como primeira
defesa. “Na ordem progressiva da força, o uso da arma letal é o último
nível que o policial tem que chegar. Antes disso a orientação é que ele
utilize de todos os recursos necessários e, se precisar, só então faça
uso da arma letal”, detalhou o instrutor.
Durante
o treinamento, além de aprender as técnicas de defesa e ataque, os
alunos simulam situações que vão fazer parte da rotina policial, como
algemação, condução de presos, imobilização, revista pessoal e táticas
de luta, como rolamentos, quedas e projeções. O curso também envolve
candidatos a todos os cargos funcionais, com o diferencial da carga
horária, que para investigadores é maior: de 35 horas/aula.
A
diretora da Acadepol, delegada Marlise Tourão, afirma que o curso
ofertado na academia paraense é um dos melhores do país e se destaca por
ter disciplinas inéditas. “Antes de iniciarmos o curso para os novos
concursados, fizemos uma reunião ampla, onde ouvimos diretores de
seccionais, das UIPPs, e de delegacias do Estado, tudo para sabermos
quais as necessidades que eles têm e o tipo de profissional que
precisam.
Em seguida, realizamos uma jornada acadêmica, ouvindo cada
profissional da Acadepol, fazendo uma triagem do que é mais importante
para a formação do policial civil atualmente. Foi então que introduzimos
na grade curricular da Academia, algumas disciplinas importantes e em
alguns casos, inexistentes no país. É o caso, por exemplo, das
disciplinas de Lavagem de Dinheiro, Fraudes Veiculares, Atuação no
combate ao Crime Organizado, Libras, Oratória e Relacionamento com a
imprensa e as mídias sociais”.
Marlise
afirma ainda que todas essas disciplinas são importantíssimas para que o
policial possa, de fato, ter o melhor aprendizado. “Estamos trabalhando
para formar excelentes policiais, com a magnitude necessária para
atender os princípios voltados à dignidade da pessoa humana, além do
respeito ao ordenamento jurídico que todos esperam, pois novas
modalidades de crime surgem sempre.
Por isso, o policial precisa saber
atender a população para que ela se sinta efetivamente protegida. A
partir desse leque de temáticas e inquietações sociais da atualidade, o
profissional vai saber como se posicionar, por exemplo, diante de crimes
virtuais, que envolvam menores, por exemplo”, avaliou.
Questionada
sobre o trabalho da Acadepol, ela afirma que o objetivo da formação não
é apenas atender as demandas da área de segurança em termos de
quantidade, mas de qualidade. “Queremos profissionais fortes, pessoas
formadas e se que sintam capazes de enfrentar esse ofício com lucidez e
entendimento dessa dinâmica do que é ser policial.
Estamos na segunda
etapa do concurso, que é de caráter eliminatório e classificatório. Já
tivemos algumas desistências - alguns por terem passado em outros
concursos, outros porque seguiram carreira militar e dois por não terem
se identificado com a função. Mas o que queremos é que a população saiba
que daqui sairão profissionais diferenciados”, esclareceu.
Candidata
ao cargo de investigador, a jovem Natália de Macedo, 27 anos, natural
de Fortaleza (CE), está satisfeita com tudo que tem aprendido na
Academia do Pará. “Minha vontade era ser Policial Federal, mas quando
surgiu essa oportunidade não pensei duas vezes. Fiz, passei e estou
aproveitando bastante esse aprendizado. Estamos tendo aulas de segunda a
domingo, o dia inteiro. Além das aulas práticas, as de atendimento ao
público, por exemplo, são importantíssimas, pois sabemos da
responsabilidade de atender bem as pessoas”, opinou.
Outro
que passou no concurso foi o advogado Romero Brasil, natural de Óbidos.
Ele, que sempre teve a vontade de ser delegado de polícia, afirma que
não teve dúvida em prosseguir no certame depois de ser aprovado para o
cargo de investigador. “Só o fato de já estar dentro da instituição
Polícia Civil, já me traz uma vivência muito boa para que, mais adiante,
eu conquiste o meu objetivo. Quando fui aprovado não hesitei em deixar
minha carreira de advogado de lado.”
E
destaca ainda o trabalho de capacitação desenvolvido pela corporação.
“Posso dizer que estamos tendo uma formação excelente, com treinamento
intensivo, aulas teóricas com todos os elementos que precisamos para
atender bem a sociedade e fazer um bom trabalho. Aqui somos orientados a
ter uma percepção macro do contexto de violência que encontramos hoje,
dos grupos mais vulneráveis a essa realidade, do atendimento a um
público que é muito diverso.
A partir das aulas compreendemos que não
basta só estar na linha de frente, mas atender o cidadão da forma que
ele espera que o Estado o atenda, com mais proximidade. Se formos ter
como parâmetro os outros estados brasileiros, poucos têm academias de
polícia com a estrutura desta, de que dispomos no Pará. Somos
privilegiados e estamos nos empenhando para melhorar cada vez mais, para
quando estivermos no exercício das nossas atividades podermos atender
bem a população”, finalizou.
Polícia Militar –
Outra instituição que também deu início à formação dos novos policiais
que deverão atuar a partir de 2018, lotados em diversos municípios do
Estado, é a Polícia Militar. Dois mil novos alunos aprovados no último
concurso público para o cargo de Praças passaram a ter aulas desde o dia
17 deste mês.
O
novo Curso de Formação de Praças tem duração de nove meses e é dividido
em três módulos. Ao todo, são 720 horas/aulas, distribuídas em 44
disciplinas ministradas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h e das
13h30 às 18h30; e aos sábados, de 7h30 as 12h50.
Uma
novidade na formação é a inclusão de algumas disciplinas na nova grade
curricular. Sobre o tema, o tenente coronel Marcelo Siqueira, comandante
do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) e coordenador
do Polo Belém, comenta. “A disciplina de Policiamento Comunitário é uma
das novidades.
Ela foi incluída por ser utilizada mundialmente e de
forma comprovadamente eficaz como ferramenta do trabalho do policial e,
claro, que ela não poderia deixar de existir no Pará. Outra importante
disciplina é a de Condutor de Veículos de Emergência, que irá
capacitá-los a conduzir com habilidade as viaturas policiais. O cidadão
pode esperar que em pouco tempo teremos policiais capacitados para
atender a população com o respeito que ela merece”, explicou.
Aurélio
Souza, de 29 anos, que iniciou as aulas no CFAP, está satisfeito com o
que tem aprendido. “Já vinha estudando para concursos e, quando surgiu o
da Polícia Militar, me interessei; tanto pela função, quanto pela
remuneração. Hoje o Pará é um dos poucos estados onde o salário está em
dia, e isso também foi um atrativo”, relatou.
Com
apenas 20 anos, Cristina Pantoja é uma das 117 mulheres que fazem o
Curso de Formação de Praças em Belém e está bastante satisfeita com o
que vem aprendendo. “O universo militar sempre me atraiu desde criança e
no momento que surgiu a oportunidade do concurso me dediquei muito pra
passar.
Aqui, no curso de formação, comecei a compreender melhor como é a
sociedade lá fora e de que forma vamos trabalhar para que tenhamos
nossos atos pautados na proteção da sociedade. Não somos formados para
sermos apenas repressores da violência, agindo de forma arbitrária, mas,
para atuar preventivamente, com disciplina, sempre orientando a
população.”
Além da
capital paraense, onde estão sendo treinados 495 novos praças, as
formações acontecem também em Santa Isabel do Pará (90), Castanhal
(135), Barcarena (135), Soure (50), Capanema (80), Bragança (40),
Paragominas (90), Tucuruí (100), Marabá (135), Breves (90), Parauapebas
(90), Conceição do Araguaia (135), Altamira (100), Santarém (135) e
Itaituba (100). (Agência Pará)
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