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devoção teve origem em 1661, momento em que os jesuítas criaram a Missão
Tapajós. Primeiro Círio foi realizado em 28 de novembro de 1919. A devoção a Nossa Senhora da Conceição em Santarém, no oeste do Pará
teve origem em 1661, momento em que os jesuítas criaram uma Missão junto
a aldeia dos índios Tapajós. O fundador da cidade, à época, o padre
João Felipe Bettendorff, construiu a igreja e dedicou à Santa, de quem
era devoto. O Círio da Conceição é considerado a segunda maior
manifestação religiosa do estado e reúne devotos de mais de 12 cidades
da região.
A catedral de Nossa Senhora da Conceição é considerada a construção mais antiga de Santarém. Após o centenário da primeira igreja construída e da fundação de Santarém, o novo prédio foi erguido em 1754, na Praça Monsenhor José Gregório, conhecida como 'Praça da Matriz' no Centro da cidade. O prédio foi construído com duas torres laterais mais baixas do que as atuais. A construção foi considerada concluída em 24 de setembro de 1881.
Alguns historiadores apontam que a princípio, as homenagens à padroeira
da Diocese de Santarém eram conhecidas como Círio da Bandeira, em qual
durante a procissão se levava um estandarte com uma figura da santa -
representação numa moeda, pintura ou escultura - que percorria algumas
ruas de Santarém. Tal manifestação teria dado origem ao que atualmente
se chama Círio de Nossa Senhora da Conceição.
Há indícios de que a Festa de Nossa Senhora da Conceição tomou um novo
fôlego a partir de 1844, quando foi fundada a Confraria de Nossa Senhora
da Conceição, que teria como objetivo celebrar o culto à Virgem no dia 8
de dezembro. O primeiro Círio foi realizado em 28 de novembro de 1919.
Este ano, a Diocese celebra a edição de número 99. A festa reúne várias
celebrações, que começa com as peregrinações pelo município até o
arraial.
A festa da Conceição se tornou tão importante que passou a integrar o
calendário oficial de eventos de Santarém. Ela também é responsável por
movimentar o comércio a economia da cidade por meio do turismo
religioso. São milhares de devotos de cidades do oeste paraense, além de
turistas de vários lugares do país e até estrangeiros. Nesse período, é
possível ver ruas enfeitadas com bandeiras, fitas e balões nas cores
azul e branco.
A celebração do Círio da Conceição tem início com a transladação na
noite que antecede a procissão. No início da noite, após missa na
Matriz, centenas de fiéis acompanham o deslocamento da imagem da
Catedral à Igreja de São Sebastião, onde ela fica até as primeiras horas
do dia seguinte para a grande romaria. Enquanto isso, os fiéis fazem
vigília na igreja. Nas orações é priorizada a santidade, o amor, a
devoção, a fé e confiança na Santa.
Elementos de devoção
O Círio reúne os elementos de devoção, considerados simbólicos. Segundo
a historiadora Liduína Maia, que também é devota de Nossa Senhora da
Conceição, a imagem é o principal elemento, além do manto e a coroa.
"Maria tem a coroa e tem o manto de rainha, rainha da nossa devoção,
nossa intercessora que nos leva a Jesus. A gente vai ali com Maria e por
Maria para chegar até Jesus. Esse é o grande símbolo", disse.
Ainda segundo Liduína, desde as primeiras romarias, muitos hábitos e
costumes de devoção permanecem em evidência. “Nós temos a questão de
andar com a vela acesa, mesmo de dia, a oração do terço, os altares na
frente das casas por onde a Santa vai passar. Aqui em Santarém se marca
muito as homenagens com cânticos e fogos. O enfeitar a rua com as
bandeirolas e com enfeites de papeis e folhas aromáticas ainda é um
costume que se mantém”, destaca.
Segundo historiadores, a imagem
que percorre a procissão foi fabricada por volta da primeira metade do
século XIX, sendo confeccionada como imagem roca em estilo espanhol,
feita em madeira oca, não possui cabeleira e nem membros articulados.
Por isso, a tradição da confecção de mantos, rosário, coroa, além da
entrega de cabelos de devotas para a confecção de perucas. A imagem é
toda preparada pelos fiéis na semana do Círio.
O manto
está diretamente ligado a imagem e por si só é considerado por
historiadores como um importante elemento de devoção e de milagres. A
cada ano, a imagem ganha um novo manto, que é doado por famílias em
agradecimento a graças alcançadas. A coroa, também colocada na imagem, representa a virgem Maria como rainha, mãe de Deus, da igreja e dos fiéis.
O pagamento de promessas
ainda é muito forte e bem presente no Círio. O andar descalço, crianças
vestidas de anjo, fiéis com vestimentas parecidas com a de Nossa
Senhora da Conceição e de outros Santos. Diversos milagres
são atribuídos pelos devotos à Nossa Senhora da Conceição. No Círio, os
fiéis pagam promessas em virtude de milagres alcançados, que vão desde
curas de doenças, como o câncer, milagres por afogamento, entre tantos
outros.
A corda também possui um significado especial para os
fiéis. Ela foi instituída mais tarde, em 1971, sob influência do Círio
de Nazaré e permanece até hoje. Feita de sisal, geralmente possui 200
metros de comprimento. Os fiéis, chamados de cordeiros, percorrem o
Círio descalços. Alguns até madrugam no local da saída do Círio para
garantir sua posição na corda.
Centenas de fiéis disputam espaço na corda, com o objetivo de agradecer e
pagar promessas. A historiadora Liduína Maia, explica que a corda é
como se fosse o cordão umbilical que liga os fiéis à Nossa Senhora da
Conceição, por isso se tornou um dos principais elementos de fé e
devoção. Já para os devotos, segurar a corda é estar tocando em Maria.(G1.com.br/tvtapajos)
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