
Considerado
uma das principais lideranças dos movimentos contrários à atuação
criminosa dos grandes empreendimentos instalados no município, o
ativista apontou diversas ilegalidades e crimes ambientais praticados
desde 2017. Ele cobrava da prefeitura um posicionamento em relação à
autorização da Hydro Alunorte para a construção das bacias de rejeito.
De acordo com o advogado da Cainquiama, Ismael Moraes, a vítima era um
dos mais atuantes denunciantes da mineradora Hydro Alunorte, envolvida
no vazamento de rejeitos de bauxita, ocorrido em fevereiro deste ano,
vindos da bacia de depósitos da empresa norueguesa instalada na região.
O
líder comunitário já vinha recebendo ameaças de morte há bastante tempo
por sua atuação política na localidade. No começo deste ano, segundo a
denuncia do líder, a sede da Cainquiama foi invadida por policiais
militares que adentraram a instituição ilegalmente sem possuir mandado
de busca. Amedrontado com o ocorrido, Paulo fez um apelo de proteção ao
Estado, que não foi atendido.
No dia
19 de janeiro deste ano, foi protocolado pelo 2° promotor de Justiça
Militar Armando Brasil Teixeira um documento solicitando "garantias de
vida aos representantes da referida associação". O pedido, contudo, foi
negado no dia 6 de fevereiro pelo então Secretário de Estado de
Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Jeannot Jansen.
Na resposta
enviada à liderança comunitária, o ex secretário Jeannot Janson sugeriu
apenas que Paulo procurasse outros programas de proteção a defensores de
direitos humanos com abrangência no Pará. Já no dia primeiro deste mês,
mais um representante da Cainquiama, Bosco Oliveira Martins Júnior,
também protocolou pedido de proteção junto ao Governo do Estado por
sucessivas ameaças.
Este segundo pedido também não obteve resposta
positiva e foi procedido de uma extensa recomendação para que os
representantes da Cainquiama procurassem outros órgãos de proteção,
além de instruções de como acessar estes serviços.
Os
documentos apresentados pelos líderes comunitários revelam ameaças
feitas por desconhecidos anônimos através do aplicativo Whatsapp e
contêm até mesmo relatos de coação pessoal com o intuito de impedir as
atividades realizada pela liderança comunitária em defesa do município
de Barcarena. A declaração atesta também a ocorrência da invasão dos
policiais militares do 14º Batalhão de Barcarena na sede da Cainquiama.
Ainda
segundo o advogado, Ismael Moraes, os membros estavam sendo perseguidos
por policiais locais. "Os mesmos policiais que fazem segurança privada
para a Hydro foram os que invadiram a sede da associação. Acreditamos
que as relações são evidentes. O Paulo Sérgio não tinha qualquer inimigo
ou desafeto. A única entidade que era inimiga dele é a Hydro",
denuncia.
A perseguição alegada
pela associação se deu a partir de uma suposta invasão à sede da
Cainquiama. "O meu pedido foi baseado em uma denúncia de que a dois
policiais haviam invadido a casa da Dona Socorro, onde também funciona a
sede da associação. Depois disso, a associação alegou que um carro
rondava por lá, a sede deles", explicou o promotor Armando Brasil.
"Existia um pedido meu de garantia de vida não só apenas dessa pessoa
que foi morta, mas também de todos os integrantes da associação. O
pedido foi negado pelo antigo secretário alegando que a existia
inquérito instaurado contra a associação", complementou.
Após
a execução do líder comunitário, a Procuradoria da República foi
acionada para que o caso seja investigado no âmbito federal. Ministério
Público do Estado do Pará (MPPA) e Ministério Público Federal (MPF)
também foram mobilizados para intervir nas investigações.
O
Ministério Público do Estado informou, por meio de nota, que em janeiro
deste ano recebeu denúncias de representantes da Cainquiama, localizada
em Barcarena, que estariam sofrendo ameaças por parte de policiais
militares do município.
Ainda
segundo o MPPA, "atendendo à denúncia, ainda no mês de fevereiro, o
promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, protocolou documento junto à
Secretaria de Segurança Pública (Segup) solicitando que fosse
providenciada garantia de vida aos representantes da Associação. Porém, o
pedido foi negado pela Segup".
A
Promotoria Militar informou que irá aguardar o resultado do inquérito
policial que investiga as circunstâncias da morte do diretor do
Cainquiama, Paulo Sérgio Almeida Nascimento, que será feito pela polícia
civil de Barcarena. Caso as investigações da polícia comprovem o
envolvimento de policiais militares no crime os mesmos serão denunciados
e submetidos às sansões na justiça militar.
O assassinato foi registrado na Delegacia de Vila dos Cabanos, em Barcarena, onde será investigado. (O Liberal)
Revoltante ver que nosso país aceita estrangeiros hipócritas causando danos a tantas vidas e ao meio ambiente em troca de dinheiro. E sabemos como este assassinato vai acabar: Em nada, porque há muita gente"grande" por trás deste crime.
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