
Além de Márcio Miranda, também estiveram presentes diretores da
ANTT que vieram de Brasília, o senador Flexa Ribeiro, o prefeito de
Belém, Zenaldo Coutinho, secretários de Estado, vereadores e
representantes de comunidades e da população em geral.
A audiência iniciou por volta das 14 horas e só encerrou após às 19
horas, com o auditório de capacidade para cerca de 250 pessoas
completamente lotado. Muita gente ficou fora e gostaria de participar, o
que incentivou os pedidos de novas audiências, não só em Belém, mas
também em outras regiões do Estado.
Em seu pronunciamento, Márcio Miranda registrou a cobrança de
todos. “Esse tema é relevante e não cabia nesse auditório. Nós queremos
outras audiências, realizadas com dignidade, dando direito ao paraense
para se manifestar. Essa nuvem que cerca essa pressa toda precisa
dissipada.
Alguém está levando alguma coisa com essa pressa toda e não
vamos aceitar isso. Por isso, Marabá precisa ser ouvida, Rondon do Pará
precisa ser ouvida, Parauapebas precisa ser ouvida. O povo do Pará
precisa poder falar e não vamos aceitar que se faça desta forma”, disse
Márcio Miranda.
Dirigindo-se aos representantes da ANTT, que estavam na audiência
representando o Governo Federal, Márcio Miranda foi ainda mais incisivo.
“Vocês estão aqui representando o Governo Federal. E vão levar nossos
questionamentos. Saibam que é uma responsabilidade muito grande tratar
deste tema e isso não pode ser assim, com o açodamento que está sendo
feito.
Este governo, que não tem legitimidade, que é acusado de ser
golpista, está querendo dar um golpe no Pará. Como que, nós que estamos
aqui, vamos explicar para nossos filhos, nossos netos que assistimos
isso passivamente e não fizemos nada? Levem essa mensagem.
Tentem
compreender o que estamos dizendo aqui. Façam esta reflexão. Imaginem se
este golpe fosse dado no estado de vocês. Vocês não aceitariam. Fica
nossa indignação, nosso repúdio. Pela forma como isso tem sido
conduzido. Se nada for feito, só temos uma saída: ir à Justiça!”,
declarou Márcio Miranda.
Renovação sob suspeita - No início de julho deste ano, o
Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos do Governo (PPI)
antecipou em quase dez anos o início do processo de renovação da
concessão das ferrovias Carajás (Pará) e Vitória-Minas (parte no
Espírito Santo).
Para isso, definiu como contrapartida para a Vale, empresa que
detém a concessão, o repasse de apenas R$ 4 bilhões para a construção de
um trecho de quase 400 quilômetros da FICO (Ferrovia de Integração do
Centro-Oeste), entre os municípios de Campinorte (GO) e Água Boa (MT).
A partir de então, iniciou uma grande mobilização da sociedade
contra a medida, no Pará e no Espírito Santo. O governador Simão Jatene e
o governador Paulo Hartung assinaram uma carta ao presidente Michel
Temer, do MDB, rechaçando a medida.
A Assembleia Legislativa, através do
presidente Márcio Miranda, também se manifestou repudiando a atitude da
União. Até mesmo sessão especial foi realizada no Senado Federal para
debater o tema, convocada pelo senador Flexa Ribeiro.
De acordo com estudos técnicos, o mercado estima em R$ 10 bilhões a
renovação da Ferrovia Carajás. Valor, portanto, bem maior do que o
Governo Federal exigia como contrapartida por uma ferrovia longe do
Pará.
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