Mulheres enfrentam o mercado competitivo e chegam aos cargos mais altos na indústria, tanto na Operação quando no Administrativo
Quatro milhões de mulheres entraram no
mercado de trabalho nos últimos quatro anos, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento de 9,2% é
significativo mesmo diante dos desafios no mercado
de trabalho, que ainda paga menos para elas. De acordo com o instituto,
em 2017, o salário médio pago às mulheres foi apenas 77,5% do
rendimento pago aos homens no Brasil. Mas o IBGE fornece um dado importante: 39,1% dos cargos gerenciais,
tanto em empresas públicas quanto privadas, já são comandadas por
mulheres.
O caminho é longo e, para chegar aos cargos mais altos da empresa, elas
enfrentam preconceito e acabam precisando dobrar o esforço para provar o
seu valor. É preciso coragem, perseverança e competência.
Formada em contabilidade, Aureclévea
entrou na MRN concorrendo com mais de 40 pessoas em um processo
seletivo, sendo a única mulher. Obteve nota máxima na prova e seguiu
para a próxima etapa, que era entrevista com psicóloga.
Ela lembra que, estrategicamente, a psicóloga começou a falar que a
função era pesada e perguntou se daria conta, já que na área a maioria
era de homens.
“Fui enfática: estou disposta sim. E desde então, fui
ganhando o meu espaço. Em 1998, fui promovida para
operador III. Foi uma oportunidade para aprender a operar diversos
equipamentos, como recuperadores, empilhadeiras, britadores”, conta.
Em relação ao preconceito de colegas,
ela afirma que quase não houve porque sempre teve uma postura firme.
“Teve situações, por exemplo, de limpar uma correia e tirar uma
sobrecarga, alguns colegas diziam ‘me dá aqui que eu
faço’, eu dizia negativo, pode me dar e fazia o serviço. Nunca me
esquivei por ser mulher. Realizava minhas atividades de igual para
igual. Então eles começaram a me ver de outra forma e sempre quando
tinha missão, já diziam: chama a Clévea”, diz orgulhosa.
Aureclévea foi a primeira mulher
gerente técnica da área de Beneficiamento. A gestora diz que as pessoas
ficam impressionadas com essa conquista, mas que ela tem uma visão
diferente desse protagonismo. “Nunca parei para pensar
nisso porque para mim é algo normal.
Nunca me coloco como a mulher, mas
como a profissional, com a mesma capacidade, independente de gênero”,
defende a gerente, que sonha com a formatura no curso de Processos
Gerenciais, que concluirá este ano junto com o
marido. “Conhecimento é a única coisa que ninguém tira de você. Quero
ajudar meus filhos que começaram a ingressar na universidade. Mesmo que
eu já tenha tempo de serviço para aposentar, não quero parar de
trabalhar, de estudar. Falo para os meus filhos que
a vida é dura para quem é mole”, ensina.
Foco, organização e controle emocional
A equipe da Gerência Financeira da Alubar, empresa localizada no polo
industrial de Barcarena, conta com doze colaboradores, sendo apenas
um homem. Há cerca de seis meses, pela primeira vez uma mulher assumiu o
comando da gerência.
Adriana Uchoa é formada em Economia e em 2002, mesmo ano em que
completou a graduação, foi contratada como analista financeira da
Alubar,
onde já era estagiária. “Eu entrei na empresa e vi que ela estava em
constante crescimento, expansão. Trabalhei para agregar cada vez mais
conhecimento, aprender e acompanhar o ritmo e, quando a promoção para
coordenadora e posteriormente para gerente veio,
não fiquei surpresa, pois foi fruto do meu trabalho”, conta. Hoje, a
Alubar encerra a primeira etapa da maior expansão já realizada na
fábrica e detém o título de
líder na América Latina na
fabricação de cabos elétricos de alumínio e produtora de condutores elétricos de cobre para média e baixa tensão.
Nos últimos meses, além de Adriana, mais três mulheres assumiram cargos
de gerência na empresa. Para ela, isso mostra um movimento fundamental
para as mulheres: “Percebo não apenas na Alubar, mas em vários lugares,
que as mulheres cada vez mais ocupam cargos estratégicos e de gestão. É
preciso abrir o caminho, dar a oportunidade, e muitas empresas têm
feito isso”.
É o que a própria Adriana percebe na
hora de contratar novas pessoas para a equipe. “Recebo muitos currículos
de mulheres. Sei que todos têm seus pontos fortes, e a mulher traz uma
organização muito produtiva para o trabalho.
Aqui atuo junto a muitas mães, donas de casa, chefes do lar. Elas sabem
gerenciar seu tempo e têm um controle emocional fundamental. É
engrandecedor”, explica.
Analista de Comunicação | Communication Analyst
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