
O acesso a exames que ajudem a detectar o mal é um dos principais
desafios dos Estados do Norte brasileiro. Segundo a Sespa, o Pará possui
hoje capacidade para realizar até 350 mil mamografias ao ano. Em
relação a 2018, o Pará diz que aumentou em 10% o número de mamografias
de rastreamento em mulheres de 50 a 69 anos de idade. De janeiro a junho
de 2019, foram realizadas 16.035 mamografias, contra 15.643 feitas no
mesmo período de 2018. O exame deve ser feito por todas as mulheres pelo
menos a cada dois anos.
Segundo a Sespa, o principal passo no combate ao câncer de mama é o acesso à informação sobre a necessidade de que as mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer a mamografia ano sim, ano não.
Tratamento deve iniciar o quanto antes
A saúde pública paraense também ainda tem outra frente como desafio: precisa ampliar serviços para cumprir a Lei 12.732, que estabelece 60 dias no máximo entre o diagnóstico e o início do tratamento para pacientes com câncer. Para isso, a Sespa diz que vem atuando com as instituições do SUS (Sistema Único de Saúde) para reduzir, cada vez mais, esse tempo.Em 2019, a maioria das mulheres iniciou o tratamento antes desse prazo. "Estamos agilizando a atenção desde o primeiro atendimento na unidade básica de saúde. Na UBS, a mamografia para mulheres entre 50 e 69 anos pode ser solicitada pela enfermeira, e marcada de imediato. Se o exame apresentar alguma alteração, a paciente é logo encaminhada para o serviço de referência, a fim de fazer outros exames e biópsia, se for o caso", disse a coordenadora de Atenção Oncológica da Sespa, Patrícia Martins.
Acesso a atendimentos
"É essencial que setores da Atenção Primária estejam mais empenhados nesse debate, de treinar o agente comunitário de saúde a convencer a mulher naquela comunidade a superar preconceitos machistas e religiosos para fazer a mamografia", ressalta a promotora de Justiça de Saúde do Ministério Público do Pará, Suely Catete. "A campanha deve ter um papel de orientação e prevenção, pois o maior dano por não fazer esse exame regularmente é o aumento significativo do risco de morte, além do aumento da possibilidade de a mulher ter um câncer de mama avançado, com necessidade de cirurgias mais extensas, com mais riscos e radioterapia e quimioterapia mais agressivas".
A dona de casa Ediana Pinheiro de Matos, integrante do Grupo Unidas
pela Vida, sentiu na pele os efeitos de um tratamento da doença em
estágio avançado. Segundo ela, o susto inicial foi superado, e há três
anos é paciente do Hospital Ophir Loyola, um dos quatro hospitais de
assistência de alta complexidade em oncologia do Pará disponíveis para
tratamento exclusivo de câncer.
"Por mais dois anos ainda terei medicação pra tomar, após ter passado
por todas as fases de tratamento. Estou vencendo essa doença, e sigo
engajada para estimular as outras 119 mulheres do grupo (Unidas pela
Vida) a seguirem com o tratamento. É um desafio constante, que requer fé
e também disciplina", disse Ediana Pinheiro, que relembrou o apoio das
equipes da Coordenação de Atenção Oncológica da Sespa, da Unidade de
Referência Materno-Infantil e Adolescente (Uremia) e do Hospital Ophir
Loyola para o sucesso obtido no tratamento.
Para marcar o início da campanha Outubro Rosa, essa semana a Sespa
assinou ainda um termo de doação de equipamentos e materiais técnicos
adquiridos à Uremia. Eles servirão a reforço dos serviços de referência
para diagnóstico e tratamento de lesões precursoras do câncer do colo de
útero e diagnóstico de câncer de mama. O documento foi assinado pelo
secretário Alberto Beltrame e pela diretora da Unidade, Graciete
Ferreira.
Nesta quinta-feira (3), a unidade sedia o Seminário Técnico para
Profissionais de Saúde, com palestras e mesas-redondas. Entre os temas
estão debates sobre "Epidemiologia do Câncer de Mama", "Diagnóstico
Precoce e Tratamento do Câncer de Mama", "Diretrizes Clínicas do Câncer
de Mama/Inca e Diagnóstico de Imagem", "Integralidade do Cuidado no
Câncer de Mama" e "Rede de Serviços, Regulação e Protocolos de Acesso de
Média e Alta Complexidade".
A campanha também promove, nos dias 5, 19 e 26 de outubro, ações nos
bairros Icuí-Laranjeira, em Ananindeua; Nova União e São Francisco, em
Marituba, e Bengui, Cabanagem, Guamá, Jurunas e Terra Firme, em Belém.
Além de oferta de exames clínicos de mama, haverá encaminhamentos de
mulheres de 50 a 69 anos de idade para realizar mamografias. As áreas
são as mesmas que já receberam as ações do Programa Territórios pela Paz
(TerPaz), do governo do Estado (com informações da Agência Pará).
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